quinta-feira, 6 de maio de 2010

Trabalho Final

Motivação

O tema trânsito se faz presente na vida de todos. Apesar de, em geral, ao ser citado, as pessoas logo o associam ao trânsito de veículos, rodovias e quando pensam em um problema relacionado ao trânsito, logo imaginam grandes congestionamentos de carros etc.
Porém a definição de trânsito vai além disso. No dicionário Michaelis, trânsito é a ação ou efeito de transitar. Ou seja, somente o ato de se locomover já implica em um trânsito, independente da forma como se dá esse trânsito, seja através de carro, ou até mesmo a pé. Sob essa luz, o trânsito se faz presente mais ainda na vida das pessoas e em todo o momento da vida dela.
Em relação aos problemas do trânsito, quando se tem esse novo conceito, os problemas não se resumem a apenas congestionamentos de veículos e más condições das rodovias, ruas e avenidas, temos também que analisar os problemas enfrentados por pedestres, cadeirantes, ciclistas e também por usuários de transporte público.
Para cada tipo de maneira usada para se locomover existe um problema observado pelo indivíduo e uma solução possível que ele possa expressar. É necessário levar em consideração todos esses pontos de vistas na hora de se propor uma solução para cada tipo de trânsito, para que nenhum grupo social saia prejudicado.
Portanto, é necessário colher as opiniões de cada um desses grupos, observar o que cada considera como um problema, e qual a solução mostrada por cada um.
Esse trabalho tem como objetivo levantar os pontos de vistas de grupos como usuários de transporte públicos e motoristas, apesar da existência de vários outros grupos.

Metodologia
Foi realizada entrevistas com pessoas de diferentes idades, principais meios de transporte, esperando assim obter pontos de vistas diferentes sobre o trânsito. As perguntas realizadas nas pesquisas são mostradas logo abaixo.
Bloco 1 - Questões Gerais

1. Qual seu nome?!

2. Qual sua idade?

3. Qual o gênero?

4. Você possui carro? Quantos?

5. Qual meio de transporte você mais usa?
a) Carro
b) Ônibus
c) Trem
d) Metrô
e) Trólebus
f) Outro. Especifique:_______________

6. Para que você utiliza esse meio de transporte?
a) Trabalhar
b) Passear
c) Outro. Especifique:___________

Se você usa mais o carro, responda as questões do bloco 2; se você usa mais o transporte público, responda as questões do bloco 3.

Bloco 2 - Questões para quem usa mais o carro

7. Quantas vezes você usa o carro por semana?

8. Quantas vezes você fica preso em um congestionamento por dia?

9. Em sua opinião, qual o principal problema do trânsito e quais as melhorias necessárias para ele?

10. Você usa o transporte público em alguma ocasião?

11. Por que prefere usar o carro ao transporte público?

12. Quais as melhorias necessárias ao transporte público você acha necessária para que você passe a usá-lo com mais freqüência?

13. Você já sofreu ou vivenciou algum tipo de violência no trânsito?!

14. Seu carro já foi roubado quantas vezes? De que maneira?

Bloco 3 - Questões para quem usa mais o transporte público

15. Em que horário você costuma usar o transporte público? Nesse horário ele costuma estar cheio ou vazio?

16. Você já sofreu ou vivenciou algum tipo de violência no meio de transporte que você usa?

17. Em sua opinião, quais os principais problemas do transporte público, e qual seria a melhor solução para tal problema?

18. Caso você não tenha carro, se você tivesse, deixaria de usar o transporte público? Por quê?

A entrevista não foi realizada com muitas pessoas, portanto foi feita uma análise mais qualitativa. No caso de uma análise quantitativa seria necessário uma amostragem bem maior, para que os números das estatísticas não se apresentasse com um grande erro. Porém, a vantagem de uma análise mais qualitativa é que, por mais que a análise quantitativa seja precisa, ela não mostra completamente a opnião das pessoas e seus pontos de vista. Muitas opniões, por serem poucas, são omitidas nesse tipo de análise, porém na análise qualitativa, elas podem ser destacadas por chamarem a atenção dos executores do trabalho.

Resultados

A pesquisa foi realizada com 24 pessoas com idades entre 18 e 54 anos. Muitas sugestões foram feitas sobre as questões, como utilizar uma linguagem mais acessível à todas as classes sociais, retirar perguntas rotineiras para acrescentar outras de maior importância estatística.
Houve dificuldades ao se realizar as pesquisas, as situações das pessoas e as soluções dadas foram além das respostas esperadas pelo grupo, novas soluções, que não pensamos abordar em nosso projeto e que nem foram levantadas.
A simples questão “Qual o seu gênero?” gerou alguns conflitos, alguns simplesmente responderam à questão, outros não sabiam o que era gênero e outro respondeu e recomendou reescrever a pergunta como “qual seu sexo?” para ficar bem clara e acessível, outros ainda acharam que é importante manter o formalismo.
Na questão: “você possui um carro” a maioria não possui seu próprio carro, alguns colocaram que possuem, mas que é outra pessoa quem dirige o veículo.
Para aquele que usa carro o horário no qual enfrenta o trânsito é das 6:00h às 7:00h da manhã e das 17:00h às 19:00h. Uma pessoa afirmou que leva a família toda junta no carro para o terminal para que todos façam uso do transporte público para chegarem aos seus respectivos locais de estudo e trabalho. Porém, os entrevistados que disseram trabalhar com o carro, dizem que enfrentam o transito o tempo todo, e para eles seria mais fácil dizer em qual horário não se pega trânsito. Poucos entrevistados disseram usar o carro somente nos fins de semana.
Podemos ver que em geral, as pessoas que possuem carro, possuem mais que 1, o que facilita elas a fugirem do rodízio. Um dos entrevistados disse que quando não pode usar um dos carros por que o rodízio não permite, ele usa o outro.
Como problema, os motoristas citaram principalmente o congestionamento de carros como principal problema, atribuindo a ele causas como aumento da frota de carros. As soluções foram diminuir o número de carros em circulação e aumentar a diversidade de tipos de transporte público disponíveis.
Quando questionados quais as melhorias do transporte público que se fossem realizadas, faria com que passassem a usá-lo mais, tivemos como respostas problemas semelhantes aos citados pelos usuários de transporte público.
Em relação a violência, todos os motoristas já disseram ter vivenciado algum tipo de violência, desde assaltos até brigas no trânsito.
Os usuários de transporte público disseram usá-lo em horários mais variados, mas todos disseram pegá-lo cheio pelo menos uma vez por dia. Os usos são praticamente os mesmos que o dos carros: Para trabalhar, estudar, e até mesmo ir passear. Só não obtivemos relatos de pessoas que usam o próprio transporte como trabalho (exceção, claro, dos condutores do mesmo).
A maioria dos entrevistados disse já ter vivenciado algum tipo de violência, desde empurrões a até mesmo briga. Um dos entrevistados relatou uma briga entre um homem de meia idade que agrediu um senhor. Poucos entrevistados disseram terem sido assaltados dentro de algum transporte público.
Quanto aos principais problemas enfrentados por eles, a maior parte citou a péssima condição do transporte e a falta de investimento no aumento da frota de veículos. Alguns citaram como possível solução u aumento da malha ferroviária, no caso dos trens e dos metros, para que ela pudesse atender um maior número de pessoas de locais diferentes, podendo essas pessoas substituir o carro pelo transporte público. Também citaram a precariedade das rodovias e das ferrovias como um problema.
As soluções foram basicamente dadas em relação aos problemas que citaram: aumento da frota de veículos, diversificação dos tipos de transporte público, melhoria dos mesmos.
A maioria dos entrevistados, disse que se possuíssem carro, deixaria de utilizar o transporte público, usando-o o menos possível. Os motivos dados para isso são em geral o conforto do automóvel e a velocidade que esse propicia. Poucos disseram não deixar de usar o transporte público.
Apenas um entrevistado deu uma resposta um pouco diferente que segue abaixo:


Em sua opinião, quais os principais problemas do transporte público, e qual seria a melhor solução para tal problema?
Os problemas não são unilaterais, ou seja, não partem só da administração pública nem só do usuário. Da parte pública temos que esta não investe o necessário em meios de transporte de qualidade e que existe conivência por parte dos administradores públicos e empresários do ramo do transporte público, conivência essa que possibilita o “relaxamento” desses empresários, ou seja, eles ganham licitações, ganham o “direito” de não serem devidamente cobrados pelos governantes em troca de apoio político em época de eleições. Já por parte dos usuários, vemos que não há o incentivo por parte das empresas para que haja o sistema de carona entre funcionários que moram na mesma região, vemos também que em forma de protesto, alguns usuários depredam os meios de transporte, prejudicando cada vez mais o sistema como um todo.
Creio que achar uma solução para esses problemas não seja uma tarefa simples, pois se fosse, creio que já seria posta em prática. Porém, podemos buscar meios para amortizar os prejuízos. Algumas boas medidas seriam: uso de bicicletas para aqueles que trabalham próximo ao seu local de serviço, implantação do sistema de carona em empresas, colégios e faculdades, criação de mais ciclovias, corredores de ônibus, linhas de trens e metrô e melhoramento das já existentes. Também deve haver uma maior fiscalização por parte das ouvidorias públicas, fiscalizando os contratos existentes e os que por ventura vierem a ser finalizados com empresas de transporte público, para que esses não permitam brechas que façam o governo e a população se tornarem reféns dessas empresas.

Se você tivesse carro, deixaria de usar o transporte público? Por quê?
Não. Hoje em dia vemos que não há mais horários em que o trânsito flua bem. O transporte público, como o metrô e trem, por mais que esteja cheio, se não houver nenhum problema dificilmente ele irá parar. Os ônibus são mais suscetíveis a esse tipo de contra tempo, além de também ser um refém do trânsito. Por isso um grande investimento em corredores de ônibus seria bem vindo para ajudar a resolver os problemas de transporte urbano. Além disso, o uso do carro nos remete a gastos como manutenção, combustível, seguro, entre outros. Por isso, o uso do carro, no meu ponto de vista, não é uma alternativa viável.



Discussão

Podemos ver que em geral os motoristas vêem como problemas aqueles relacionados ao congestionamento. Esses mesmos citam como melhorias o investimento em transportes públicos e a redução de veículos em circulação. Mas quando questionados se deixariam de usar o carro para trocá-lo pelo transporte público, a maioria disse que não o faria.
O mesmo acontece pros usuários de transporte público. Os mesmos citam melhorias para o transporte como aumentar a frota, diversificar os tipos de transporte, aumentar a malha ferroviária para atender a mais pessoas, mas quando questionados se trocariam o transporte público por um automóvel particular, poucos disseram que não o fariam.
Os motoristas, em sua grande maioria, entram em contradição quando citam como possível solução o aumento da frota e de opções de transporte público como uma possível solução para a diminuição de carros nas ruas, e quando questionados se deixariam de usar o carro por um transporte público, dizem que não o faria. Os que possuíam mais de um carro, disseram usar o outro carro em dias que o rodízio não permitia o uso do carro de uso rotineiro, não contribuindo em nada para o objetivo do rodízio que é o de reduzir o numero de carros nas ruas.
Nesse ponto observamos que muitos dos motoristas sugeriram como soluções, algumas medidas que já estão em vigor, mas que eles mesmos arrumam uma maneira de burlar essas medidas.
Nota-se uma contradição também nos usuários de transporte público, que citam várias melhorias para o transporte público mas quando questionados se deixariam de usá-lo para usar um automóvel particular caso o possuíssem, responderam que sim, alegando ser pela comodidade e pelo conforto.
Observa-se também, que apesar da maioria dizer que já sofreu ou vivenciou algum tipo de violência, seja no seu automóvel ou dentro do transporte público, nenhum deles citou a violência como um problema do trânsito ou sugeriram uma solução para ela quando os questionamos sobre isso.
No decorrer da análise das entrevistas, foi percebido que outras perguntas poderiam ter sido feitas, cujas respostas seriam relevantes para um levantamento maior de informações sobre opiniões dos grupos e até a identificação de grupos mais diferentes.
Se houve uma tempestade de idéias e opiniões apenas no modo em que foi feito um questionário sobre o trânsito, imagine então como seria essa diversidade de opiniões ao responde-lo tendo como base as diferentes subjetividades das pessoas?! Quanto maior o número e a variedade de perguntas feitas em um questionário mais próximo ele fica de representar a realidade. Na vida à cada dúvida, cada escolha realizada pelo indivíduo implica optar por infinitas alternativas possíveis.
Algumas pessoas que não puderam participar das pesquisas forneceram soluções exóticas como “carros voadores” ou tele transporte mas isso não significa que essas alternativas não possam se tornar realidade a longo prazo.
Projetos inovadores podem muitas vezes surgir dos sonhos mais loucos ou das idéias consideradas mais absurdas pela maioria, ou grupo dominante, isso ocorre quando as pessoas procuram transformar conceitos subjetivos em objetivos, muitos projetos caminham dessa maneira.

Conclusão
A entrevista cumpre o seu objetivo de mostrar as soluções para o trânsito vistas de maneiras diferentes entre motoristas e usuários de transportes públicos. No entanto, no decorrer do processo de pesquisa, foi observado que outras perguntas poderiam ter sido feitas, e outros grupos sociais poderia ser analisados.
Para certos grupos sociais o trânsito pode já estar solucionado, como por exemplo algumas pessoas com maior poder aquisitivo que optam por se locomoverem com jatos comerciais ou helicópteros da casa para o trabalho. O motivo de se estudar esse ponto de vista é porque ele pode ser uma das razões pelo descaso com o transporte público das classes economicamente menos favorecidas, pois freqüentemente um indivíduo pode não vivenciar os mesmo problemas que outros.
A maioria das soluções propostas pelas pessoas tem haver com o aumento da frota de transporte público e sua diversificação além da diminuição do número de carros em circulação.
Do ponto de vista da diversificação do transporte público, encontramos as alternativas já mostradas como o monotrilho. Quanto ao aumento da frota, podemos citar como soluções o aumento da malha ferroviária de trens e de metrô, atendendo a um maior número de pessoas de localidades diferentes.
Quanto ao grande número de carros em circulação, seria necessário um respeito maior a medidas que já estão em vigor como o rodízio de carros. Um projeto de carona amiga também é extremamente conveniente, pois duas ou mais pessoas, que antes utilizariam cada uma um carro para o mesmo fim, passam a utilizar o mesmo veículo. se muitas pessoas aderirem a esse tipo de projeto, a redução do número de veículos em circulação seria evidente e significativa.
Em relação a qualidade do transporte público, vemos que esse é realmente depredado e em alguns locais se encontram em condições precárias. Nesse caso um projeto de conscientização sobre conservação do transporte público seria extremamente viável, como sugerido por um entrevistado.





Bom, estou organizando as entrevistas para postar aqui depois, aguardem.

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